12.29.2006

Bicudinhos, harpias, picapau, mergulhão, há muito que buscar por ai

Impressionante a quantidade de espécies e registros novos e importantes. Redescobertas e avistamentos improváveis. logo antes do Natal recebemos um mail de um grupo ornitológico escocês dizendo ter avistado uma harpia fazendo ninho próximo de Parati. Isso é impressionante, embora os céticos possam duvidar do registro, embora o registro seja considerado excepcional, o fato é que dá uma coceira no dedo e uma vontade de ir pra lá, procurar a harpia desgarrada, encontrar o registro inédito. Passarinhar tem um quê de corrida do ouro, mistérios, segredos, tramas e enredos. Não me lembro de nenhuma aventura passarinhística que se passe no Brasil... mas vale pensar nisso pra um projeto de ano que bem.

12.28.2006

Passarinhando na Av. Liberdade

Entrei no sebo meio sem compromisso, tava indo atrás do Ian, meu filho que é um aficcionado por LP's de rock dos anos 70. Me meti pelas intermináveis prateleiras e lá no fundo me surpreendi com uma sessão inteira dedicada a ornitologia. Nao sei o que se passou, talvez alguém tivesse se livrado de sua coleção, mas o fato é que havis dezenas de livros de passarinhos... alguns belíssimos, outros super práticos.
No final das contas comprei uma pilha e de quebra levamos uns 20 LPs...
Dentre as curiosidades, um livro suiço sobre de beija-flores
Um livreto "Aves da Restinga" edição carioca, dos tempos do Gov. Carlos Lacerda... e uma super oferta do "Aves da Venezuela'... Valeu o dia.

12.27.2006

Paissarinhando na Reserva dos Caetetus




Então, dia de Natal é dia de ficar com a família, assim seguimos para o interior de SP, mais específicamente na região de Marília. Festas, perús, presentes, família, ou seja até as 3 da manhã da noite de Natal. Isso talvez explique porque nos atrasamos no dia 25 para ir passarinhar. Nossa idéia era ir até a Estação Ecológica de Caetetus, próxima a Gália, onde chegamos por volta das 08h. A Estação é um achado. Um fragemtno de mais de 1000 laquieres da mata do interior de São Paulo. Bastante bem conservado, uma instalação simpática, limpa e bem preservada. Um alento que ainda existam esses pedacinhos. (alguém ai se habilita a ajudar na conservação do interior de SP ??)
Eramos eu e meu pai. Veja só a honra. Levar me velho querido pra ver passarinho nesse pedaço de mata de mais de 1000 alqueires. Meu pai é um cara super sensível e ligado. De posse do binóculo já saiu olhando pra todos lados. Logo de cara vimos esse soví, observe que ele está pousado num pau-jacaré. Repare no olho vermelho e nas bordinhas vermelhas na ponta da asa...
Depois encontramos esse chocão da mata. Super mansinho e concentrado em comer uma mariposa, nem ligando pra gente. Pena que estava muito escuro e somente ao final ela veio pra luz.

Um coleiro, e depois, já na área aberta um carcará alçando vôo...

12.23.2006

Educação e diversão.

Muito se fala em educação ambiental. Mas é dificil ver alguma realmente divertida nessa matéria.
Muita coisa se fala em educação científica, mas via de regra é muito difícil engulir o que se produz por aí.

Se inveja matasse...
Esse é o filme que eu queira ter produzido. É essa a alegria e sutileza em ver a natureza, essa molecagem sedutora. Se um dia virem um filme assim como esse, feito de passarinhos, ou fui eu que fiz, ou não me contem... pois inveja mata.

Divirtam-se.

12.22.2006

Medo ancestral

I have a very antagonistic attitude towards birds, since they are the primary surviving descendants of the dinosaurs, and I still feel strongly about the mammal/dinosaur feud....

Assim começa o texto do David, um artista computacional americano, nada demais, mas achei interessante que ele encontrasse uma razão ontológica para o medo dos Passarinhos. Afinal aves são dinossauros, afinal mamíferos e dinossauros tinham uma bela briga...

Vale conferir

Mergulhão-de-orelha-amarela na Guarapiranga!

Nosso amigo Fábio Schunk, grande ornitólogo e observador de aves, acaba de registrar na Represa da Guarapiranga, um grupo de mergulhões- de-orelha-amarela, espécie dos Andes e Chile, com raros registros no Brasil!!!
Parabéns Fábio!! Confira a matéria no Blog do CEO.

12.20.2006

Onça também é passarinho


Se você gosta de observar bicho de pena, com certeza vai gostar também de bicho de pelo. Veja só esse lançamento, um livro sobre a mastofauna de São Paulo. Mamíferos da Grande São Paulo. Pela capa dá para ter uma idéia. O preço é tentador e faz uma bela dupla com o livro do Edson Endrigo e Pedro Develey – Aves da Grande São Paulo. Ou você acha que São Paulo só tem pizza e cinema e sushi??? Vale conferir

Preço R$ 30,00 (+ correio) Depósito em conta corrente.
Pedidos: enviar email para ipbhn@institutopaubrasil.org.br



12.17.2006

Meu amigo João


Fiquei pensando aqui no João de Barro. O cara faz um ninho super bacana que depois é usado por vários passarinhos, como o tuim, curruiras, canários da terra e muitos outros...

Outro dia meu amigo Arnaldo me perguntava sobre ninhos artificiais e eu falei para usar postes velhos. Nesses depósitos de postes usados sempre tem uns mais velhos, ocos por dentro... Já encontrei até postes com ninhos de pica-pau já feitos na ponta...
Mas acontece que meu amigo joão, João Marcelo, um dos caras mais criativos e dedicados aos passarinhos que conheço, autor do maravilhoso blog Guainumbi – pois bem o joão fez um post lá no blog dele com a foto ai abaixo:

E olha que legal!!! Um ninho de joão de barro artificial!!! O João me falou que comprou isso em algum lugar. Um artesão que fez... Não é uma réplica perfeita, mas a idéia é genial. Vou procurar um ceramista que faça um igualzinho... com aquele fechamento na parta contra o vento... Alguém já viu algo parecido?? Se viu me avisa, se num viu vamos procurar, se num char vamos inventar. Quer dizer, inventar o João já inventou....Mas por sorte ele é meu amigo.

12.15.2006

12.14.2006

Kleber, porque os pássaros nasceram para voar


Kleber é um ex-taxista que se dedica a fabricar comedouro de aves. Seu comedouro é muito bem feito. Grades do tamanho certo impedem pombos e ratos de se aproximar. O teto é de policarbonato e os cochos de um plástico super resistente. Tudo na mais perfeita ordem, planejado, organizado. Mais do que isso, presta um serviço de manter o comedouro funcionando, troca a água, coloca comido, frutas, dá manutenção.

Serviço completo doutor!

O preço também é compatível. Kleber sabe o valor de um bom serviço. Assim ele vai, criando nas emrpesas o hábito de ver a acompanhar as aves se alimentando. Seu sonho é levar a falência as fábricas de gaiolas, de forma que as aves fiquem todas soltas e que ele possa baixar o preço final de seu produto. Kleber vende qualidade.

Qualidade e serviço completo doutor.

Kleber é um gênio do marketing. em qualquer país realmente capitalista ele seria um magnata. Aqui sobrevive, prospera e em frente segue com sua missão, sua picape adesivada passeia pela marginal e leva sua mensagem a todos. Natureza Livre é o nome de sua firma. Tenho certeza que vai dar certo. Kleber é um taxista que se revoltou contra as gaiolas e criou uma gaiola invertida que permita aos passarinhos comer em paz. Nas gaiola inversa de Kleber não entram pombos e ratos, nem humanos. Esses devem ficar ao lado, só espiando, observando. Quietos de preferência, quietinhos










12.10.2006

Passarinho me contou!

Em clima de fim de ano. Vamos fazer um balanço. Tente se lembrar das 10 coisas mais legais que vc. fez/aprendeu com relação aos passarinhos e aves. Vou arriscar as minhas:

1- Avistar2006 – Foi um aprendizado excelente
2- Passarinhar – fazer o blog – D+ D+
3- Maria Lecre – Ter visto esse bichinho pessoalmente e de perto foi espetacular
4- Eu sou um planta!! – Filhotes de sabiá ficando imóveis na planta, ver isso com minha família
5- O tempo das aves, ganhar maior consciência do tempo das aves seja dos migrantes seja do acasalamento
6- Caboclinho – Ver e fotografar esse migrante erradio,
7- Filmar um beija-flor – em Hi-speed
8- Sabiá Albino – procurar esse bicho em plena metrópole
9- Atualidades Ornitológicas escrever o artigo mensal da AO
10- Novos Livros – do Tomás, do Luis Fábio, do Edosn e mais pela frente...

12.08.2006

Filhotaum

Um casal de carcará bem moderninho fez seu ninho numa torre de celular num terreno aqui vizinho. Outro dia, sem querer, olhei pra cima e vi um filhotinho.



É difícil se equilibrar e achar um bom lugar no meio das ferragens, mas aos trancos e barrancos ele se prepara para os primeiros vôos...




e se lança na imensidão azul.... quer dizer, um pouco menos poético que isso, se lança no meio da metrópole assutadora...

Pelo meio dos prédios... espaços urbanos aéreos.
Uma curva mal ajambrada de ultima hora...Ainda é difícil pilotar com maestria e conseguir alcançar o topo de uma prédio, onde os pais já esperam e cuidam, desde sempre, de seu garoto.

12.06.2006

X-Flores



Incrível o trabalho dessa fotógrafa, ela faz essas imgens maravilhoss de plantas e flores usando Raio-X, um tipo de arte tecnológica e de pesquisa. Veja aqui, no site o resto do trabalho dela!

12.05.2006

Amplificador de sons de passarinho


Uma excelente idéia para amplificar a voz das aves na floresta. Fácil de construir e instalar. Uso Recomendado para observadores e escutadores de aves. Outras invenções maravilhosas no site http://www.atelier-v.ch/24.htm

Passarinhar na janela faz bem pra saúde!

Engraçado, ao pesquisar um pouco sobre comedouros de aves, encontrei essa matéria na vejinha, com dicas de consultores de saúde e qualidade de vida (consulte sempre um consultor!). Eles falam um monte de cosias, mas eu só me reparei que eles citam a instalação de comedouro de aves com um bem para a saude e qualidade de vida:
Veja na vejinha

12.03.2006

Guntherzinho, meu amor, venha aqui...

Bem, após a semana inteira enfiado em relatórios, planilhas de excel, grana, dólares, milhares de dólares e mercado de trigo, petróleo; após uma semana estressante e sem asas estava eu no meu sítio, metido no meio de fotos, binóculos, passarinhos... quando Karroll me chamou

– Guntherzinho, meu amor, venha aqui...

Lá fui eu pensando: orquídeas, florzinhas, brotos, arvores, camélias e tudo mais que a minha querida kara-metadhen costuma admirar.

Num deu outra, lá estava ela virada numa camélia e cantando
"eu sou uma planta..
minha mãe mandou eu ficar quietinho,
eu sou uma planta...
num vou me mexer nem um pouquinho... '

Karroll é o tipo de pessoa que canta para uma planta sem maiores problemas...
por isso nem me espantei ao vê-la assim fixamente camélia. Apenas achei que a música escolhida num fazia sentido... melhor ser "o cravo brigou com a rosa.. debaixo de uma camélia..."

Karroll minha florzinha, o que vc. quer que eu olhe....

Não adiantava. ela apenas esticava o dedinho apontando a camélia e me olhava com seus olhas castanhos escuros e com seu jeito de hyppie, apontava e cantava...
"eu sou uma planta..
minha mãe mandou eu ficar quietinho,
eu sou uma planta...
num vou me mexer nem um pouquinho... '


Acontece que meus olhos nunca me enganam, e rapidamente eu olhei dentro da moita...Acontece que o foco é uma coisa estranha e a gente demora a pegar. Onde olhar, o que ver. Movimento é tudo num passarinho, o vôo desenha a ave. Exceção honrosa para o Urutau, ave-pau. Procura, procura... enquanto isso a doidinha com quem eu divido a vida continuava cantando:

eu sou uma planta...
minha mãe mandou eu ficar quietinho...
Eu sou uma planta

Olhos, olhar, é isso olho procura olho, lá estava ele. quietinho, eu sou uma planta... Filhotão de sabiá. quieto quietinho sentado no ninho... Eu sou uma planta...

12.02.2006

Guima-Rosa

Minha amiga Tietta viu por aqui o Manoel de Barros e mandou o recado:


Por quê não falar também de Guimarães Rosa?


Olha que linda esta passagem de "Grande Sertão: Veredas", onde o personagem desperta para a beleza das aves!!!!

“O rio, objeto assim a gente observou, com uma crôa de areia amarela, e uma praia larga: manhã-zando, ali estava re-cheio em instância de pássaros. O Reinaldo mesmo chamou minha atenção. O comum: essas garças, enfileirantes, de toda brancura; o jaburu; o pato-verde, o pato-preto, topetudo; marrequinhos dançantes; martim-pescador; mergulhão; e até uns urubus, com aquele triste preto que mancha. Mas, melhor de todos – conforme o Reinaldo disse – o que é o passarim mais bonito e engraçadinho de rio-abaixo e rio-acima: o que se chama o manuelzinho-da-crôa.
Até aquela ocasião, eu nunca tinha ouvido dizer de se parar apreciando, por prazer de enfeite, a vida mera deles pássaros, em seu começar e descomeçar dos vôos e pousação. Aquilo era pra se pegar a espingarda e caçar. Mas o Reinaldo gostava: - “É formoso próprio...” – ele ensinou. Do outro lado, tinha vargem e lagoas. P’ra e p’ra, os bandos de patos se cruzavam. – “Vigia como são esses...” Eu olhava e me sossegava mais. O sol dava dentro do rio, as ilhas estando claras – “É aquele lá: lindo!” Era o manoelzinho-da-crôa, sempre em casal, indo por cima da areia lisa; eles altas perninhas vermelhas, esteiadas muito atrás traseiras, desempinadinhos, peitudos, escrupuosos catando suas coisinhas para comer alimentação. Machozinho e fêmea – às vezes davam beijos de biquinquim – a galinholagem deles. – “É preciso olhar para esses com um todo carinho...” Reinaldo disse. Era.... De todos, o pássaro mais bonito gentil que existe é mesmo o manuelzinho-da-crôa.”
João Guimarães Rosa. Grande Sertão:
Veredas. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,

11.26.2006

Onde é que eu fui parar!

Tou quase terminando o site do Avistar2007. Queria que vcs. dessem uma olhada e me ajudassem a avaliar. Será que a programação está bacana?? E o design??? É isso ai, dá uma olhadinha lá e me diga o que achou!!

avistarbrasil.com.br/joomla

11.25.2006

Presentão


Lançamento imperdível.
Novo livro do Edson Endrigo! Espetacular, só pra variar! Um excelente presente de Natal. o Edson é um de nossos mais dedicados fotógrafos de aves, vale a pena dar uma passada na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos para o lançamento.
Dia 07 de Dezembro, 19h30, aproveite para ir treinando o caminho. Avistar 2007 vaiser no Parqu Villa-Lobos, se prepare!!

11.24.2006

Sr. Gunther, aqui está meu cartão...

Outro dia um amigo veio me procurar, no meio do trabalho; Sabe como é a rotina, no meio de planilhas de excel, afundando a cabeça no meio de conversões de moeda, milhares de dolares rolando. O petróleo, minas de carvão no leste da Africa e de diamante na selva de Bornéo, ou seja, levei um susto ao ouvir aquela voz me chamando de volta.
– Olhe Sr. Gunther, vim lhe trazer meu cartão, faz tempo que mudei de e-mail, me escreva...
– Claro meu amigo... respondi pensando porque, afinal de contas, que eu deveria escrever pra ele?...
– Mande aquelas fotos de passarinhos – sem mais, de olhar minha expressão, ele me respondeu.
– Claro, claro... – respondi e ele foi saindo meio cabisbaixo.

Sem pensar duas vezes, peguei um guia de aves que tinha em cima de minha mesa e lhe dei antes que fosse embora. Seu rosto se iluminou, sorriu.
– Puxa vida Sr. Gunther, puxa vida, que lindo –
Emocionado ele me contou que ia todo fim de semana caminhar no Ibirapuera, com o filho, e que agora iriam observar aves também! – Dei lhe um pouco de conversa, antes de voltar ao meu árduo trabalho, sabe como é planilhas, carvão petróleo etc.. ainda pude ouvir quando ele me disse:
– Sabe, ontem morreu meu gato e eu tava meio triste... então, acho que vou começar a olhar passarinho...


11.21.2006

Exurbano

Esse texto abaixo é parte de um livro que ainda não terminei. Reflexo de meus 10 anos no Japi, longe da necrópole.

Drogaditos! (confesso que vivi!)

Instalei um ponto de distribuição da droga, num beco escuro, abrigado do vento, em minha varanda. Aos poucos uma legião de dependentes descobriu a bocada. Toda manhã eles vão chegando e a cada novo carregamento formam filas desordenadas; ávidos, insaciáveis, constantemente brigando entre si. Totalmente alheios à minha presença.
Um deles logo me chama a atenção. É jovem, tem uma mecha azul na cabeça - como se fora um punk tardio. É sempre o primeiro a chegar. No início, arisco, altivo e independente. Agora não voa mais. Senta-se resignado próximo a varanda e fica me olhando com seus olhinhos miúdos, enquanto aguarda a próxima dose. Os dias se sucedem e o doce passear de flor em flor é apenas uma sombra de um passado longínqüo. Sua atitude mudou completamente e mesmo estando a uma distância segura posso perceber sua respiração desmedida, seu pobre coração em ritmo alucinado.
Aos poucos ele se tornou o dono do pedaço. Agressivo, ataca ao menor sinal de invasor. O bando porém se organiza. Enquanto um o distrai, os outros se fartam da glicose. Existem ainda os que chegam furtivamente, por trás do bebedouro. A disputa é grande e as vezes algum se machuca. Mas a dependência é mais forte nesses dias de inverno, enquanto a chuva redentora não vem despertar as grandes floradas. E eles insistem.
Os beija flores são animais de metabolismo incrivelmente alto. Historicamente souberam explorar na escala evolutiva, a novidade tecnobiológica do de seu coração de quatro câmaras. Verdadeiros motores alados, necessitam ingerir grandes doses de açûcar. Tornaram-se dependentes químicos.
Eles são lindos na sua árdua busca por alimento. Incansáveis voam de flor em flor por muitos quilômetros. Mas a poesia desaparece totalmente nos bebedouros. Por isso sempre evitei coloca-los na varanda de casa; não gosto da idéia de ter esses belos pássaros rondando, como junkies desesperados, atrás de sua dose diária de glicose. Além disso, o açúcar deve ser fresco, trocado diariamente, senão cria fungos letais.
Assim como a miséria humana, a saga desses drogaditos me atrai; mais pelos sórdidos aspectos sócio-etológicos que pela fugaz beleza de suas penas. Impossibilitado de freqüentar o bas-fond das grandes metrópoles recrio aqui essa tragédia com os colibris. E toda manhã. faça chuva ou faca sol, reabasteço o bebedouro.

Barros e ventos

Mestre Manoel de Barros também passarinhava:

XXX

Atrás do vôo dos patos seguem os restos dos dias


IV

Sabiá de setembro tem orvalho na voz.
De manhã ele recita o sol.

XXIII

Vi uma água viciada em mar!
Meus ocasos mudaram de aves?

Concertos a céu aberto pra solo de aves.

11.19.2006

Juro que vi!

Passarinhar é uma arte nobre. Obra de cavalheiros, honra e dignidade acima de tudo. Acontece que a maitaca é bicho comum, pros meus olhos já mateiros o bater de asas característico, abaixo da linha do corpo, é suficiente pra identificar. Naquela manhã de domingo, no início da trilha, a névoa baixa comprometia a visibilidade nas franjas da serra de Paranapiacaba, mas seu canto não deixava dúvidas. 3 indivíduos, vôo curto, de uma árvore a outra.
Normalmente ao seguir uma ave voando pelo meio das copas de árvores exige capacidade de interpolação, olhar trava no alvo, a cabeça segue o movimento mesmo por detrás da copas, Mesmo sem ver, continue a olhar!
Não! Não! Algo errado! Asas longas, vôo enérgico. Enorme! Isso não é maitaca. Os olhos se perderam, movimentos cruzados, à direita, adiante. A ave majestosa pousou na árove seca ao longe.
Caralho! É linda!
Processamento a milhão, identificar, identificar!
Corpo esguio, porte de gavião grande, penacho longo na cabeça! Não é possível, é linda! linda!
Entreolhares, é isso mesmo? Vc. viu? Confima? aparentemente não havia dúvidas. A situação estava sob controle. Naquela manhã na trilha mestra éramos oito pessoas, entre mestres e aprendizes a admirar o mais belo rapinante da mata atlântica, Spizaetus ornatus, ou gavião de penacho.

Passarinhar é arte nobre.

11.18.2006

tou corrido...


tou postando pouco eu sei.
é que tou fazendo os preparativos pro Avistar2007.

Nosso encontro de observação, que vai ser me Maio2007 no parque Villa-Lobos em São Paulo.
Se preparem!!!

11.16.2006

Olha o beija-flor ai gente!

Incrível, mas somos totalmente dependentes da optica pra fazer observação. Quer dizer, nada disso, mas vamos em frente no raciocínio. Nessa foto abaixo tem um beija-flor. no olhar típico de quem num tem binóculo nem lente telefoto. Fica difícil de observar assim. Na outra foto, com o zoom da lente podemos ver o amiguinho sentado ao lado da flor.
Para mim existem 2 olhares. Um de foco aberto, holístico, acha o bicho, verifica o vôo, percebe a diferença entre a folhagem balançada pelo vento e o passarinho pulando. Esse é o mais importante pra encontrar o passarinho. Depois tem o segundo olhar, focado, metódico, t´cnico até. Que encontra, escaneia identificando e registra.

O maior erro é olhar focado sempre. Assim num se vê nada num se encontra nada...
Olhe aberto, sinta a mata como um todo, o que se mexe é passarinho (ou onça, ou esquilo etc... Se mexe diferente, mais pesado que o vento... mas muito mais leve que tudo.

11.12.2006

Porque caminha o observador ?

Andar por toda a trilha as vezes num mostra nada, horas e horas andando sem passarinho muitass vezes é melhor sentar e esperar. Mas qual seria a melhor atitude? Fazer a trilha? Andar ao leo? Sentar e esperar?

Sei que no caso de levantamentos sistemáticos de avifauna uma das coisas mais importantes é definir o procedimento. No caso do censo de sabiás, por exemplo, foi definido um percurso padrão, de 01 k. Ao fazer um percurso, vc. define uma linha de amostragem da área e pode começar a traçar uma estratégia estatística para o trabalho.

Mas isso pode ser feito, inversamente, sempre no mesmo lugar, sem sair, deixando o tempo correr. Eu de modo geral prefiro não caminhar muito, deixando o tempo verter.

Pensando em termos de mata atlântica, a sorte grande é acompanhar um "bando misto", esse tipo de arrastão passarinhístico ocorre quando dieferentes espécies se juntam e saem caçando, comendo frutas e voando de árvore em árvore. Isso é frequente e num bando desses podemos encontrar diversas espécies de sanhaços, saíras e outros. Outra oportunidade boa é seguir uma correição de formigas. Que sempre são acompanhadas por outras aves, como a "olhos de fogo" e outros.

11.11.2006

Da janela para o mundo

Refleti bastante esses dias, para chegar a uma conclusão, o tema do Avistar2007 vai ser "Da janela para o mundo" tratando justamente da questão "Ser ou não observador de aves". Pegar o cara que passa um tempo na janela olhando passarinho e permitir que ele que se descubra como observador. E que se ele observa aqui ele pode depois observar no mundo todo.

Quem olha cuida, que identifica proteje. Esse é o plano secreto. Que as pessoas vejam, observem, os passarinhos e cuidem deles. Pensando nisso e olhe só o que aconteceu!!! A Ana Paula escreve um mail, com essa foto abaixo:

O mesmo passarinho(cambacica) de um post ai embaixo
Obviamente fotografado da janela. É isso!! da janela, pro mundo, pro mundo!!!


Será que sou ou será que não sou?

Onde termina o curioso? Onde começa o observador?
A partir de que momento se pode dizer que uma pessoa é um observador de aves?

Nos Estados Unidos (fora bush!!) define-se como observador uma pessoa que identifica mais de 10 espécies de aves, ou alguém que coloca um comedouro e fica na janela observando.

Se vc. sabe a diferença entre um Sabiá e um Bentevi, se vc. sabe o que é um sanhaço ou uma colerinha, deferencia um urubu de um gavião voando, então os seus problemas se acabaram. Você é um observador de aves!!

Pode ser uma visão muito parcial de minha parte, mas se você passa aqui no Passarinhar antes de dormir, então os seus problemas começaram!! Vc. é um observador de aves!!

Saia do armário, pegue um binóculo venha se juntar a nós!!

11.10.2006

Passarinho voa é porque tem asa!

... Pega o meranchia e leva pro Ceasa",

desse jeito terminava a cantiga infantil que começava assim

"meu coraçon está no Japon,
meu aregria é prantá meranchia
".

O fato é que as aves voam, isso é inegável. Mas somente aumenta a diversão. Por exemplo, esse caboclo aí embaixo é o Caboclinho-Rosa Sporophila hypoxantha Tawny-bellied Seedeater
todo ano ele sobe em migração pra passar o inverno. Depois desce. No meio da migração ele dorme um dia em cada lugar. Acorda, come e vai embora. Qual a chance de achar um bichinho desses de passagem?? Pra complicar veja a área de distribuição dele no mapa, ele chega somente numa beiradinha da mata atlântica... só numa pontinha. Pois é calhou de pegar o dito no meio da uma viagem e fazer uma fotinho. Que num vale nada além da alegria que me proporcionou, já que Deus me fez nascer assim humano e sem poder voar...
E ai o que a gente faz???

Mais uma vez a poeta Alice traz a resposta, que já coloquei ai pra baixo um dia...

viver ou morrer
é o de menos
a vida inteira pode ser
qualquer momento
ser feliz ou não
questão de talento

leve a semente vai
onde o vento leva
gente pesa
por mais que invente
só vai onde pisa

(Iara Rennó e Alice Ruiz)

Não sei se meu coração está no japon, talvez até esteja,
mas minha alegria é a fotografia,
de coleirinha e de bentivi,

(que afinal tem o segredo)

11.08.2006

Trabalho intenso



Dias de chuva na mata atlântica. A passarinhada toda atarefada, levando comida de lá pra cá, abastecendo os ninhos cheios de filhotes. Nos comedouros do Pq. do Zizo o Benedito da Testa Amarela - Melanerps flavifrons e o João Velho Celeus flavescens se abastecem de banana. Picapau fashion!

11.07.2006

Observe sempre um observador!


Jeremy, Arthur, Tatiana, Fernanda, Luiz Figueiredo, Julio (Ricardo procurando aves fora de quadro)
Observar aves é só o início. Depois vc. aprende a observar os observadores. Para isso nada como um passeio com os grandes mestres. No feriado fomos pro Parque do Zizo e lá encontrei grandes mestres, entre eles o Jeremy Minns, o Arthur Grosset, meu amigo Luiz Fernando, a Fernanda Melo e o Ricardo. Cada um deles com seu jeito, todos com grande sabedoria.
A Fernanda é zen sem ser japonesa, caminha pela mata com uma suavidade impressionante. Não move um só graveto, o olhar sempre atento mas nenhuma tensão. Concentração total, uso intenso de tecnologia, sabedoria e certamente uma boa dose de intuição. Admirável!
Jeremy é um sábio. Ao chamar no pio uma ave, modula o silêncio pois o loop é mecânico e o canto orgânico. Só grava um canto se não fez o playback, detalhes que fazem a diferença. A qualidade das gravações é excepcional. Aguardem o DVD!! Lançamento no Avistar ??? Assunto pra discutir ao lado do fogão a lenha.

Voltei do Zizo



Foi ótima a viagem pro Zizo!
Rendeu belas observações e alguns eu vi pela primeira vez! Como o Gavião de Penacho. Maravilhoso!!! Tão emocionante que não consegui nem fotografar, coisa de prinicipiante. hehehe Mas vi também o caboclinho rosa, ave migratória e inesperada no Zizo. Ficou somente um dia e se foi asim como chegou.

11.03.2006

Tou indo pro Zizo

Passarinhar em grande estilo, com bons amigos e grandes mestres.
Trabalhei a noite inteira pra conseguir dar uma escapadinha. Na volta tem novidades...

10.31.2006

O Beija flor voando

Coisa mais impressionante do mundo. O filme que fizemos hoje do beija-flor voando foi muito legal. Filmamos a 1000 quadros por segundo e nessa velociade é possível ver todos os detalhes do movimento. Até no final uma abelhinha que vem atacar o tal do beija-flor.
Veja o filme em http://avistarbrasil.com.br/beija01.mov

Filmando beija-flor




Hoje começamos os testes para filmagem de beija-flor em alta velocidade. Graças aos amigos da Hagadê, especializados nesse tipo de câmara, Hugo e Fernando, hoje fizemos testes no jardim da Trattoria. Daqui a pouco eu coloco os filmes no ar.


Observe aqui a diferença de luz entre o bebedouro e o resto da imagem. Para conseguir filmar o bichinho tivemos que triplicar a luz do sol com 2 rebatedores "espelhos". Observe também a câmara escondida na folhagem.

10.30.2006

Trinta réis e um troquinho


Passo do Lontra ,no pantanal, trinta-reis pescou e subiu rapidamente. O peixinho ainda se contorcia, sem escapatória.

10.29.2006

Olhos e Asas do Pantanal


Absolutamente chocante o site novo do ZAPA. Amigo fotógrafo e guia do pantanal. Incrível o resultado, anos de trabalho aliado a uma sensibilidade especial e grande apuro técnico. Parabéns. Vale a pena conhecer. Asas do Pantanal


10.28.2006

Assim caminha o João de Barro

Mestre Luiz Fernando responde lá do BirdwatchingBr:

Pesquisando o assunto o que encontrei é que de modo geral a seleção natural leva ao desenvolvimento da locomoção com as pernas ou as asas, uma às expensas da outra, de acordo com o nicho do bicho. Mas alguns grupos desenvolvem bem as duas formas: aves praieiras (têm que andar muito nas prais à cata de alimento e têm que migrar!), ralídeos (idem). De fato, veja os albatrozes, grandes voadores, quando andam chegam a ser cômicos. Algumas, mestre do vôo, nuncam andam na verdade (apodídeos = sem pés!). Por outro lado, grandes andadores (e corredores) às vezes nem precisam mais voar: ratitas, tinamídeos, etc. Da mesma forma, os que nadam bem, andam como nenêns aprendendo a andar: pinguins, anatídeos. A natureza é econômica!
Mas voltemos ao andar/pular. Não parece que andar seja uma característica mais "evoluída" que pular: aves mais "primitivas" (galinhas) andam e outras mais "evoluídas" (tico-tico) pulam. O andar é uma adaptação das aves que passam boa parte do tempo no chão, forrageando, etc. Tico-tico é mais arbóreo que terrestre, certo? Sobre a vegetação é mais fácil pular que andar (tem excessões, como os psitacídeos). João-de-barro é mais terrestre que arbóreo, certo? O anú-branco, forrageando no chão também anda. O suiriri-cavaleiro idem.
Uma coisa interessante nas aves que andam, é o compasso do avanço da cabeça à medida que a ave anda. A cabeça avança de uma vez e fica parada, enquanto a ave dá um passo, depois avança de novo e para, enquanto a ave dá novo passo. Isto é explicado da seguinte forma: a cabeça em movimento não permite observar bem movimentos ao redor. Por isso, por questão de segurança, o bicho avança a cabeça rapidamente e para, ficando então mais tempo parada que em movimento, enquanto a ave caminha.

Ninho da Sandra


Sandra mandou a foto e a estória pra mim. João de Barro fez o ninho, na varanda do jardim. Sempre vejo ninho no alto, nunca tão baixo assim. A foto que ela mandou mostra o ninho no banquinho quase encosta na janela.

Por que caminha o João de Barro?

Sempre fiquei intrigado com o joão de barro, Primeiro pela construção de ninhos fantásticos. A gente se acostuma a ver, acha ue é normal. Mas que quando para pra pensar vê que o ninho do João de Barro é uma obra fabulosa. Impressionante como um passarinho assim consegue fazer um ninho daqueles.

Outra coisa que semrpe me chamou a atenção é como o João de Barro caminha pelo chão. Diferente do Sabiá que vai aos pulinhos o João de Barro anda pé ante pé, caminho assim como nós.

Será que isso é assim porque eles usam o barro e tem que andar pelo chão??? Será que caminhar é mais adequado ao solo do que pular??

[s]guto

10.27.2006

Não observe aves!

"A gente deve observar somente aquilo que num escuta, o beija-flor eu conheço pelo bater das asas"

Ainda que radical, esse mote aí em cima traduz uma verdade importante.
A natureza é multi-facetada e observar somente aves é uma bobagem. Afinal, quem sabe onde termina a folha e onde começa a ave? Sabe que eu tenho olhos de águia, e vejo um passarinho antes de todo mundo. Sempre me orgulhei disso e outro dia o amigo Ricardo, caçador convertido, (amém-aleluia!!) falou uma coisa muito certa, observe a folha, onde termina a folha começa a ave!
Talvez isso explique o meu olhar.

10.26.2006

Disclaimer – não me levem a sério.

Esse espaço aqui é mais literário do que científico, caso vcs. não tenham percebido. As vezes me sinto como ator-vilão de novela que não pode sair em público sem apanhar. Outro dia um cara escreveu um comentário pra me agredir, dizendo que o Sr. Ghunter era muito ditatorial com seus funcionários... hehehe...

Vejam bem, existe uma diferença, as coisas aqui num são muito ao pé da letra. Não existe suiriri de 2 bicos, nem surucuás, e aquela coloruja é composta a partir de 2 fotos de um tucano, da mesma maneira o Sr. Gunther é uma invenção...

Poesia
Pois é
Poesia

10.22.2006

Atualidades Ornitológicas


Matéria publicada na AO sobre o recorde brasileiro de casas de João de Barro. 11 casinhas empilhadas uma sobre a outra. Vale a pena ler o texto anexo.
Não canso de lembrar que a melhor revista brasileira sobre aves é a tradicional Atualidades Ornitológicas, editada pelo grande mestre Pedro Salviano. Se você gosta de aves, deveria fazer a assinatura e receber mensalmente a informação quentinha e de alta qualidade sobre nossas aves.

Contra-luz

Suiriri-riri


Tarde de domingo, um dia meio frio mas bem ensolarado, lindo, após vários dias de chuva e frio na "terra da garoa". No alto do galho, suiriri recém-chegado de migração, olha prum lado e pro outro, procurando uma mosquinha pra comer. Na velocidade do olhar a mosca de um lado a outro.

10.21.2006

Aves Argentinas


Nosso vizinho tem uma grande tradição no cuidado com suas aves. Aves Argentinas é uma associação com mais de 1000 sócios ativos e com 90 anos de existência. Um exemplo em termos de organização e dedicação as aves. Com mais de 1000 espécies nativas a Argentina poderia ser um importante parceiro no desenvolvimento da observacão de aves na América Latina.